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TABU: Grávidas que treinam

  • Foto do escritor: Camilla Rosa
    Camilla Rosa
  • 15 de fev. de 2019
  • 4 min de leitura

Atualizado: 12 de mar. de 2019

Comentários do tipo “ Sem necessidade”, “Que absurdo”, “Vai prejudicar o bebê” são julgamentos sem embasamento e bastante comuns entre pessoas do senso comum.




Por que será que ainda existe tanto tabu na sociedade sobre grávidas que treinam? Talvez a falta de informações com embasamento científico seja a grande causadora desse preconceito.


Antes de esclarecer quais são os motivos que impedem uma grávida de treinar, é importante voltarmos no passado e entendermos como as gestantes eram tratadas no que se refere ao movimento do corpo.


HISTÓRIA


Você sabia que no século 19 era super comum grávidas usarem espartilhos e que as pessoas não acreditavam que isso poderia fazer mal?


Se considerarmos que naquela época a medicina era um tanto quanto limitada, é compreensível que o uso daquele adereço não fosse identificado como prejudicial para gestantes.


Só fico me perguntando: qual era o benefício de uma cinta esmagando a barriga e o bebê? E o que é mais seguro na gravidez: usar espartilhos ou treinar CrossFit, por exemplo?


Nesta mesma época há registros de que as mulheres pobres permaneciam trabalhando nas fábricas até o parto, pois não se julgava necessário parar qualquer atividade naquele período. Entretanto, na classe dos mais abastados a crença de que grávidas poderiam perder seus bebês se fizessem esforço físico era muito forte, logo o repouso absoluto era considerado normal.



Obviamente, as mulheres pobres e de classe média tinham muito mais condições físicas para trabalharem com o peso extra do bebê, visto que elas eram mais ativas, pois cuidavam da casa, dos filhos, do marido e ainda tinham o serviço pesado das fábricas.


Em contrapartida, o que dizer das mulheres ricas? Em seus luxuosos palacetes, tinham um número infinito de empregados que cuidavam de toda a casa, não moviam uma palha se quer, a não ser pelos afazeres obrigatórios com o marido, ou seja, era de se esperar que a gravidez fosse encarada como uma patologia.


Vamos fazer uma breve comparação: digamos que a gestante de hoje que continua a praticar seu esporte ou exercício durante os nove meses era a mulher pobre e proletariada do século 19 e a grávida sedentária de hoje é a gestante abastada do século retrasado que vivia na mordomia. Que louco né?

Gente, que século estamos mesmo? Ah, sim, no século 21! De lá pra cá, a medicina avançou bastante e diga-se de passagem nós também evoluímos. A medicina deixou aquele olhar de “fênomeno patológico” para somente “alterações fisiológicas” com relação ao período gestacional.


Já a mulher moderna , independente de sua classe social, é muito mais ativa, com jornada dupla ou até mesmo tripla. No trabalho ganhou espaço que antes eram somente dos homens; se é casada e tem filhos divide os afazeres domésticos com o parceiro e tem de cuidar da prole, ou seja não há porquê insistirmos em manter uma ideia da mulher da época de nossos tataravós.


Certamente todo esse atraso e preconceito são derivados da falta de informações com embasamento, que dêem segurança para a prática. Então vamos a teoria!


ORIENTAÇÕES


De acordo com o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia, se a mulher é saudável e sua gravidez é normal, é totalmente seguro continuar ou iniciar qualquer atividade física , mas talvez seja necessário realizar algumas adaptações na intensidade e volume de exercícios..


O exercício físico por si só não aumenta o risco de aborto espontâneo, baixo peso no nascimento ou parto prematuro.


Existem certas condições que tornam o exercício durante a gravidez inseguro?

SIM! Mulheres com as seguintes condições ou complicações na gravidez não devem se exercitar durante a gravidez:


1. algumas doenças cardiopulmonares; (para trombofilia é possível adaptar a atividade física com intensidades baixas dependendo do condicionamento da mulher antes de engravidar).

2. pré - eclâmpsia ou hipertensão induzida pela gravidez e anemia severa (atividade física com intensidades baixas dependendo do condicionamento da mulher antes de engravidar).

3. insuficiência cervical ou cerclagem;

4. estar grávida de gêmeos ou trigêmeos com fatores de risco para o trabalho de parto prematuro;

5. placenta prévia após 26 semanas de gravidez;

6. trabalho de parto prematuro ou ruptura de membranas durante a gravidez;



Se você gestante, não possui nenhuma dessas condições, felizmente poderá decidir pela prática, desde que leve em consideração o fator condicionamento físico de antes da gravidez.


SEDENTÁRIAS


Mulheres sedentárias devem iniciar somente após o terceiro mês e podem aumentar o tempo de atividade aeróbia moderada de forma gradual até completar 30’ minutos. Os exercícios contra-resistência (musculação, treinamento funcional, LPO, etc) devem também ser feitos gradativamente, aumentando o volume de repetições a cada mês e ambos não devem ultrapassar 60% da FC.


ATIVAS


Mulheres que sempre foram ativas antes de engravidar podem trocar de exercício durante a gestação? Caminhada pela musculação, por exemplo. Sim, mesmo que nunca tenham feito, elas podem desde que não sejam exercícios de alta intensidade (acima de 80% da frequência cardíaca), pois esse aumento pode permanecer por mais ou menos trinta minutos e resultar em hipóxia fetal (falta de oxigênio para o feto dentro do útero).


ATLETAS


E para aquele grupo de mulheres esportistas é bom lembrar que se ela já tinha o hábito de treinar em alta intensidade, agora grávida, seu objetivo deixa de ser performance e passa a ser de manutenção da saúde dela e do bebê.


PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS


A prescrição e padronização de exercícios para grávidas (somente caminhada, bicicleta e hidroginástica) é um erro, pois temos uma infinidade de atividades e esportes que podem ser seguramente adaptadas para este grupo. No entanto, é muito importante procurar profissionais de educação física habilitados, que saibam das orientações do ACOG e que entenda de fisiologia de gestantes.


Agora que vocês estão munidas (os) de informação e deixaram o pensamento ultrapassado do século 19, vamos modificar esse senso comum? Se você é gestante agora ficou fácil de argumentar com aquela adorável tia que acha uma falta de responsabilidade quando você decide permanecer nos treinos mesmo antes de completar as 12 semanas não é mesmo?


Compartilhe esse post com suas amiga, parentes grávidas e até mesmo para aquelas pessoas que acham que gravidez é sinônimo de doença e incapacidade.

Beijos de luz e até o próximo post.

CoachCah.


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